Câncer de mama masculino é raro, mas merece atenção
O câncer de mama em homens é uma condição rara, representando cerca de 1% dos casos totais de câncer de mama, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), isso significa que, para cada 100 mulheres diagnosticadas com câncer de mama, existe um homem com doença. No entanto, essa estatística não deve minimizar a seriedade da doença. Embora a maioria dos casos afete mulheres, os homens também possuem tecido mamário e, portanto, estão suscetíveis ao desenvolvimento da doença.
A falta de conhecimento e o diagnóstico tardio são fatores que contribuem para a gravidade do câncer de mama masculino. Em 2020, o Brasil registrou 207 óbitos de homens devido a essa condição, conforme dados do Ministério da Saúde.
Como o câncer de mama se desenvolve nos homens?
Tecido mamário masculino
O tecido mamário masculino é um tecido glandular rudimentar, similar ao das mulheres, mas menos desenvolvido. Ele é composto por ductos, mas com poucos ou nenhum lobo. Nos homens, hormônios como a testosterona controlam o desenvolvimento do tecido mamário, inibindo o crescimento das glândulas.

Principais tipos de câncer de mama masculino
O tipo mais comum de câncer de mama masculino é o carcinoma ductal invasivo que represeta cerca de 80% dos casos. Ele se origina nos ductos mamários, que são os canais que transportam o leite. No caso dos homens, embora a mama não se desenvolva tanto quanto nas mulheres, os ductos estão presentes e podem se tornar malignos. O câncer invade o tecido ao redor dos ductos e, se não tratar a tempo, pode se espalhar para outras partes do corpo por meio da corrente sanguínea ou do sistema linfático.
Outros tipos incluem:
- Carcinoma ductal in situ: O carcinoma ductal in situ é um estágio inicial de câncer, onde as células cancerígenas estão limitadas aos ductos mamários, sem invadir os tecidos ao redor. Em homens, esse tipo de câncer é muito raro, pois a mama masculina possui uma quantidade muito menor de tecido ductal. No entanto, quando ocorre, é considerado um pré-câncer, já que as células anormais ainda não se espalharam para além dos ductos.
- Carcinoma lobular invasivo: Esse tipo de câncer é raro em homens porque eles não possuem uma quantidade significativa de lóbulos mamários (as glândulas responsáveis pela produção de leite). Portanto, o carcinoma lobular invasivo, que se origina nos lóbulos mamários, é incomum nos homens. Esse câncer se caracteriza pela invasão dos tecidos ao redor dos lóbulos.
- Câncer de mama inflamatório: O câncer de mama inflamatório é uma forma rara, mas agressiva, de câncer de mama. Causa sintomas como vermelhidão, inchaço e aquecimento da pele, que podem ser confundidos com uma infecção. Esse tipo de câncer pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres. É uma condição grave que exige diagnóstico rápido e tratamento imediato, pois o câncer tende a se espalhar rapidamente.
Sintomas que merecem atenção
Os sintomas do câncer de mama em homens são similares aos observados em mulheres, mas costumam ser negligenciados. Entre os sinais mais comuns, destacam-se:
- Nódulo ou espessamento na mama ou axila, geralmente indolor;
- Retração do mamilo;
- Secreção pelo mamilo, podendo conter sangue;
- Alterações na pele, como vermelhidão, descamação ou textura de “casca de laranja”;
- Dor localizada ou sensação de peso na mama.
Quando perceber qualquer um desses sintomas, é fundamental procurar um médico o quanto antes. Isso porque a detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura, permitindo que o tratamento seja iniciado de maneira mais eficaz e com maiores probabilidades de sucesso.
Fatores de risco para o câncer de mama em homens
Diversos fatores podem aumentar o risco de um homem desenvolver câncer de mama:
- Idade avançada: maioria dos casos ocorre entre 60 e 70 anos.
- Histórico familiar de câncer de mama ou ovário.
- Mutação genética hereditária, principalmente nos genes BRCA1 e BRCA2.
- Doenças hepáticas, como cirrose, que aumentam o nível de estrogênio.
- Síndrome de Klinefelter: condição genética rara que afeta os níveis hormonais.
- Obesidade e sedentarismo.
Homens com histórico familiar significativo ou mutações genéticas conhecidas devem considerar aconselhamento genético e acompanhamento médico regular.
Diagnóstico do câncer de mama
O médico realiza o diagnóstico por meio de exames clínicos, mamografia, ultrassonografia e biópsia. Após a confirmação, utiliza-se o sistema TNM para determinar a extensão do câncer:
- T (Tumor): tamanho do tumor primário;
- N (Nódulo): envolvimento dos linfonodos;
- M (Metástase): disseminação para outras partes do corpo.
Também realizam-se testes de biomarcadores, como a presença de receptores hormonais (estrogênio e progesterona) e HER2 (Receptor 2 do Fator de Crescimento Epidermal Humano), que orientam o tratamento.
Opções de tratamento
O tratamento do câncer de mama em homens segue protocolos semelhantes aos usados em mulheres, mas com algumas adaptações conforme o estágio da doença:
- Cirurgia: Geralmente, indicam a mastectomia, com ou sem remoção de linfonodos.
- Radioterapia: reduz o risco de recidiva local após cirurgia.
- Quimioterapia: recomendada em casos de tumores maiores ou com metástase.
- Terapia hormonal: usada quando o câncer é sensível a hormônios (comum em homens).
- Terapias-alvo: como o uso de medicamentos para bloquear HER2.
Prognóstico
Quando diagnosticado precocemente, o câncer de mama em homens tem prognóstico semelhante ao das mulheres. No entanto, a maioria dos casos em homens é identificada em estágios mais avançados, o que compromete a eficácia do tratamento e reduz a taxa de sobrevida.
Por isso, a conscientização é essencial. O desconhecimento sobre a possibilidade da doença em homens atrasa o diagnóstico, tornando o tratamento mais complexo.