Ao contrário do que muitos pensam, aracnídeos não são insetos. Embora ambos pertençam ao grupo dos artrópodes (animais com exoesqueleto e pernas articuladas), eles possuem características distintas. A principal delas? Aracnídeos têm oito pernas, enquanto os insetos têm seis. Além disso, a maioria dos aracnídeos não tem asas nem antenas.
Dentro do grupo dos aracnídeos, encontramos uma vasta gama de criaturas, cada uma com suas adaptações e peculiaridades. Os mais famosos são, sem dúvida, as aranhas e os escorpiões. Mas a família é muito maior e inclui também os ácaros, os carrapatos, os opiliões (que se parecem com aranhas de pernas longas e finas, mas não produzem teia nem veneno da mesma forma).
Vamos embarcar em uma exploração detalhada de alguns dos principais grupos de aracnídeos.
As aranhas (Ordem Araneae): as mestras da seda
Um grupo icônico dos aracnídeos, facilmente reconhecidas por suas oito pernas e, na maioria das vezes, pela capacidade de produzir seda. A seda é expelida por glândulas abdominais através de estruturas chamadas fieiras. As aranhas utilizam essa maravilha da natureza para construir teias de diversos formatos e tamanhos, verdadeiras armadilhas para suas presas. Além disso, a seda serve para construir casulos para seus ovos, forrar seus esconderijos e até mesmo para se locomover no ar (ballooning).
As aranhas possuem quelíceras terminadas em presas conectadas a glândulas de veneno (embora nem todas as aranhas sejam perigosas para os humanos). Seus pedipalpos têm funções sensoriais e, nos machos adultos, são modificados para a transferência de esperma durante a reprodução. A visão varia muito entre as espécies, com algumas contando com múltiplos pares de olhos.
Os escorpiões (Ordem Scorpiones): predadores noturnos com ferrão
Facilmente identificáveis pela sua cauda segmentada que termina em um aguilhão conectado a glândulas de veneno, os escorpiões são predadores astutos, ativos principalmente durante a noite. Seu corpo é alongado e dividido em cefalotórax e abdômen, sendo o último bem segmentado. Possuem pedipalpos grandes e fortes, em forma de pinça, que utilizam para agarrar e manipular suas presas.
Os escorpiões não tem a visão muito desenvolvida, contando principalmente com pelos sensoriais espalhados pelo corpo para detectar vibrações e correntes de ar, ajudando-os a localizar suas vítimas. O veneno injetado pelo ferrão serve tanto para imobilizar a presa quanto para defesa.
Os ácaros e carrapatos (Subclasse Acari): mundos microscópicos e parasitas
Este é o maior e mais diversificado grupo de aracnídeos. Ele abrange uma incrível variedade de formas e tamanhos, muitos deles microscópicos. Seus corpos unem o cefalotórax e o abdômen, formando uma única unidade. As quelíceras e os pedipalpos frequentemente se adaptam a diferentes modos de vida, incluindo alimentação por filtração, predação e parasitismo.
Você encontra os ácaros em praticamente todos os habitats, desde o solo e a água até as plantas e os animais. Eles desempenham papéis importantes na decomposição da matéria orgânica e em cadeias alimentares. Já os carrapatos parasitam vertebrados externamente, alimentando-se de sangue e podendo transmitir diversas doenças.
Os opiliões (Ordem Opiliones)
Frequentemente confundidos com aranhas devido às suas oito pernas longas e finas, os opiliões, possuem algumas diferenças importantes. Seu corpo é compacto, com o cefalotórax e o abdômen amplamente unidos, sem uma cintura visível. Ao contrário das aranhas, eles não produzem seda e não possuem glândulas de veneno associadas às suas quelíceras.
Muitos opiliões são detritívoros, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, embora algumas espécies sejam predadoras ou onívoras. Uma característica interessante é a capacidade de alguns opiliões de autotomia, ou seja, a capacidade de descartar uma perna quando ameaçados, distraindo o predador enquanto escapam.
Características comuns dos aracnídeos
Apesar de suas diferenças, os aracnídeos compartilham algumas características:

- Corpo dividido em duas partes: A maioria possui o corpo dividido em cefalotórax (fusão da cabeça e tórax) e abdômen.
- Quelíceras são apêndices bucais que esses animais usam para injetar veneno, triturar alimentos ou até mesmo agarrar presas.
- Pedipalpos são outro par de apêndices próximos à boca. Eles variam em forma e função, e os aracnídeos podem usá-los para reprodução, manipulação de presas ou até mesmo como “braços” sensoriais.
Outras características marcantes incluem:
– Quatro pares de patas – diferente dos insetos, que possuem três.
– Exoesqueleto de quitina – responsável pela proteção e sustentação do corpo.
– Ausência de antenas – sendo um dos poucos grupos de artrópodes sem essa estrutura sensorial.
Por que eles são importantes?
Talvez a pergunta fundamental seja: por que devemos nos importar com os aracnídeos? A resposta é simples: eles desempenham um papel vital nos ecossistemas. A maioria dos aracnídeos são predadores, o que significa que eles se alimentam de outros invertebrados, controlando populações de insetos que poderiam se tornar pragas para a agricultura ou transmitir doenças. Sem eles, o equilíbrio da natureza seria seriamente afetado.
É verdade que algumas espécies de aranhas e escorpiões são venenosas e podem representar um risco para os seres humanos. No entanto, a grande maioria é inofensiva e prefere evitar o contato. Ataques são geralmente uma forma de defesa quando se sentem ameaçados.
Ao invés de temer, convidamos você a observar e aprender mais sobre esses seres incríveis. A cada teia orvalhada ao sol, a cada escorpião avistado à noite (com segurança e distância, é claro!), há uma história de milhões de anos de evolução e adaptação.