Gregor Mendel é mundialmente conhecido como o pai da genética. Suas descobertas, feitas a partir de experimentos com plantas de ervilha no século XIX, estabeleceram as leis básicas da hereditariedade. Embora suas ideias tenham sido ignoradas por décadas, hoje Mendel é celebrado como um dos cientistas mais influentes da biologia.
Primeiros anos de vida
Johann Mendel nasceu em 20 de julho de 1822, na pequena aldeia de Heinzendorf, na atual República Tcheca, então parte do Império Austro-Húngaro. Era filho de camponeses e cresceu em um ambiente rural, onde desenvolveu interesse por plantas e agricultura.
Apesar das dificuldades financeiras, Mendel teve acesso à educação básica e mostrou talento para os estudos. Aos 21 anos, ingressou no Mosteiro Agostiniano de Santo Tomás, em Brno, onde adotou o nome religioso de Gregor.
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Formação e carreira científica
No mosteiro, Gregor Mendel teve acesso a uma biblioteca rica, instrumentos científicos e um ambiente propício ao estudo e à pesquisa. Ele se ordenou padre em 1847, mas já demonstrava grande vocação científica. Em 1851, com o apoio do mosteiro, seguiu para a Universidade de Viena, onde estudou com cientistas renomados, como o físico Christian Doppler (criador do efeito Doppler) e o botânico Franz Unger.
Foi nessa época que Mendel aprofundou seus conhecimentos em matemática, física e biologia — uma combinação rara para os biólogos da época e essencial para a análise estatística de seus experimentos futuros.
As experiências com ervilhas
De volta ao mosteiro em 1854, Mendel iniciou uma série de experimentos com ervilhas (Pisum sativum) no jardim do convento. Ele escolheu essa planta por ter características de fácil observação, como:
- Cor das flores (roxa ou branca)
- Forma das sementes (lisa ou rugosa)
- Cor das sementes (amarela ou verde)
- Tamanho da planta (alta ou baixa)
Entre 1856 e 1863, Mendel cultivou mais de 28 mil plantas, realizando cruzamentos controlados e registrando os resultados com precisão matemática.
As Leis de Mendel
A partir de suas observações, Mendel formulou duas leis fundamentais da hereditariedade:
- Primeira Lei de Mendel (Lei da Segregação dos Fatores): Dois fatores (hoje chamados genes) determinam cada característica. Durante a formação dos gametas, os fatores se separam, e cada gameta carrega apenas um deles.
- Segunda Lei de Mendel (Lei da Segregação Independente): Os fatores que determinam diferentes características transmitem-se de forma independente uns dos outros, o que permite diversas combinações possíveis.
Essas leis foram publicadas em 1866 no artigo “Experimentos com Plantas Híbridas”, mas passaram despercebidas pela comunidade científica da época.
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Reconhecimento tardio
Apesar da clareza e da importância de suas descobertas, os trabalhos de Mendel passaram despercebidos por décadas. Isso ocorreu porque, naquela época, a ciência ainda não compreendia o conceito de genes e, consequentemente, suas ideias estavam muito à frente de seu tempo.
Foi somente em 1900, ou seja, mais de 30 anos após sua publicação, que três cientistas — Hugo de Vries, Carl Correns e Erich von Tschermak — redescobriram, de forma independente, as leis da hereditariedade. A partir disso, reconheceram a prioridade de Mendel, conferindo-lhe, finalmente, o merecido reconhecimento.
Últimos anos e legado
Mendel passou os últimos anos de sua vida como abade do mosteiro, cargo que assumiu em 1868. No entanto, suas obrigações administrativas acabaram por limitar significativamente suas atividades científicas. Em consequência, faleceu em 6 de janeiro de 1884, aos 61 anos, sem ter consciência da revolução científica que suas ideias provocariam no século seguinte.
Atualmente, Gregor Mendel é amplamente reconhecido como o fundador da genética moderna. Por um lado, seus métodos experimentais e a aplicação da matemática à biologia representaram uma abordagem inovadora para a época. Por outro lado, suas conclusões sobre a hereditariedade continuam a influenciar, até os dias de hoje, a medicina, a agricultura, a biotecnologia e diversas outras áreas da ciência.
Curiosidades sobre Mendel
- Mendel também estudou meteorologia e abelhas, mas não teve o mesmo sucesso que com as ervilhas.
- Ele era conhecido por sua personalidade tranquila e sua grande dedicação à ciência e à religião.
- O termo “gene” só foi cunhado em 1909, por Wilhelm Johannsen, muito depois da morte de Mendel.